terça-feira, 23 de setembro de 2014

Mais Projeto Som da Terra: Arnaldo Antunes e a luz que acabou

Já que falamos do Projeto Som da Terra, é preciso falar também deste episódio único e marcante.


No Show com a Banda Negril e participação especial de Arnaldo Antunes, a luz acabou durante a apresentação do Arnaldo. Ficou um clima de surpresa e a expectativa de a luz voltar. De repente, ecoa uma voz no teatro pedindo para o Arnaldo declamar poesia e o teatro lotado acompanhou o pedido em coro. Tenho quase certeza de que quem puxou aquele coro foi o poeta Cezar Ray.

O Arnaldo começou a declamar poesia no escuro e sem som. A banda Negril começou a improvisar um acompanhamento de percussão. Maluco, o bagulho ficou muito doido. Virou um show à parte.

Algum tempo depois, o poeta Marlos Degani me disse que encontrou o Arnaldo caminhando no calçadão de Ipanema, se não me engano, e foi até ele "tietar". Informou-o que viu o show dele no SESC de Nova Iguaçu onde a luz havia acabado e ele declamou poesia e perguntou-lhe se ele lembrava disso. Ele informou que lembrava sim, que foi um grande dia e ainda mandou um abraço para o "cara da pinta". Prá quem não me conhece pessoalmente, o "cara da pinta" é este humilde jornalista que vos escreve porque eu tenho um sinal no pescoço.

O Escort 86
Ainda sobre este dia, teve mais acontecimentos interessantes a relatar. O primeiro foi quando no dia do show eu fui ao Hotel Marina, no Leblon, buscar o Arnaldo com meu próprio carro, um escort 1986 muito velho e muito acabado. Lembro-me da cara do Arnaldo quando saiu do hotel e viu aquele carro velho o esperando. Acho que ele não acreditava no que via. 

Além disso, quando estávamos na linha vermelha, com o vidro aberto porque o carro não possuía ar condicionado (claro), um outro carro me cortou pela direita e olhou de relance para o Arnaldo. Freou o carro e emparelhou com o Escort por alguns minutos encarando o Arnaldo como quem diz: "o que o Arnaldo Antunes está fazendo dentro deste carro velho a esta hora (devia ser umas 5 da tarde) na linha vermelha? Ou será que é um sósia? Ou será que eu estou vendo coisas?

Por fim, ao término do show, eu mesmo fui levar o Arnaldo ao Hotel Marina, no Leblon. Foi extremamente gratificante ouvir do Arnaldo as palavras que ele pronunciou dentro do carro. Coisas do tipo: "Cara, parabéns. O que vcs fazem é do C... Resistência Cultural pura. Dá para perceber a dificuldade mas vocês não desistem. Maior esforço, etc, etc, etc."

Pena que não havia celular na época com câmera para registar este depoimento.

Aproveito para agradecer a todos que participaram deste projeto e contribuíram para que ele acontecesse. Em especial, neste dia, ao músico e artista plástico Dida Nascimento que foi quem articulou a vinda do Arnaldo Antunes.





Lembrando o Projeto Som da Terra (SESC de Nova Iguaçu, em 27/9/2003)


Achei este vídeo do Projeto Som da Terra, que eu produzi e apresentei em 2003 no SESC, de Nova Iguaçu. 

Neste projeto, nós invertemos a lógica tradicional do show do artista famoso com abertura do artista local. Ou seja, o show era do artista local e o artista famoso só entrava no final para uma participação especial. 

Esta edição foi realizada em 27 de Setembro de 2003 com shows do Grupo Elemento, Marcelo Tuan e Ilton Manhães e, também um dos poucos artistas remanescentes do samba de breque, Robson Gabiru. A participação especial ficou por conta do grande Wilson das Neves (Ô sorte).

Pedimos um pequeno desconto para a qualidade do vídeo, pois foi gravado na época ainda em VHS e depois digitalizado e editado amadoristicamente por mim mesmo, tendo inclusive ao seu decorrer um ligeiro atraso na sincronia entre  o áudio e as imagens. 






Além deste dia, aconteceram outras edições com os seguintes artistas:


  • Jairo Braulio, Sérgio Fonseca, Evandro Lima (Part. Esp. Noca da Portela e Dorina)
  • Banda Pimenta do Reino e Banda Viola de Coxo (part. esp. Robertinha do Recife)
  • Banda Sungga (part. esp. Reppolho)
  • Banda Negril (Part. Esp. Arnaldo Antunes)